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Looper - Assassinos do Futuro


      Confesso que só me interessei em assistir Looper porque vi no site do MetaCritic (que reúne opinião dos internautas e críticos especializados) que o filme tinha conseguido a pontuação de 86 (no máximo de 100). O preconceito e , às vezes, um certo fastio sobre as produções corriqueiras podem nos afastar de filmes interessantes. O subtítulo brasileiro "Assassinos do Futuro" não ajuda a atrair um público interessado em filmes que vão além do feijão-com-arroz despejado toda semana nos cinemas, sendo apenas uma apelação comercial. 
        Já foram feitos tantos filmes sobre viagem no tempo que o assunto pode ser considerado até um sub-gênero dos filmes de ficção científica. Mas a abordagem é o que conta, porque o assunto pode tanto render um thriller de ação como Exterminador do Futuro ou uma comédia leve familiar, como  De Volta para o Futuro.  Looper se propõe a ser 2 coisas ao mesmo tempo, e consegue ser eficaz em ambas: divertir e fazer pensar. Dependendo do espectador, poderá usufruir de uma ou de outra, ou das 2 abordagens. 
    Num futuro não muito distante, o mundo não está assim tão diferente de hoje. Um pouco mais de tecnologia, mas também muita violência e pobreza, proporcionando, como hoje, muitas oportunidades aos "fora-da-lei". Joe (Gordon-Levitt) é um deles, vivendo uma tediosa vida sexo-drogas-assassinatos (e nenhum rock´n´roll). Gordon-Levitt, ajudado pela maquiagem, consegue imitar os trejeitos de sua personagem na versão "amanhã", ou seja, Bruce Willis. Mas, no final das contas, quem rouba a cena mesmo é o garoto Pierce Gagnon (como o menino com super-poderes, Cid). 
       
Bruce Willis e Joseph Gordon-Levitt num momento "eu sou você, amanhã"



     Looper é um típico filme-B americano, feito sem muita grana, mas por isso mesmo cheio de inventividade. Sua visão do futuro, no nível pictórico, é bem realista, sem a exuberância de produções requintadas como Blade Runner. Mas é na estrutura de sua narrativa que ele nos brinda com ideias interessantes, lembrando um pouco o que alguma séries de TV tem feito ultimamente, como J.J.Abrams, com Lost
       A questão de sempre dos filmes de viagem no tempo está lá: podemos mudar o futuro, alterando o presente? Para o filme a resposta é sim, mas exige um sacrifício sobre-humano, que na maioria das vezes somente o amor de uma mãe por um filho, ou de um homem por sua amada é capaz. É nesse componente fascinante da condição humana, alternadamente capaz do pior e do melhor, que o filme se destaca sobre os simples filmes de ação normalmente produzidos, onde temos os bonzinhos de um lado e os malvados de outro, numa formatação estereotipada. Em Looper as personagens são humanos. Ponto.