No mês dos Namorados, garimpei de memória 12 filmes alternativos (do chamado cinema independente) que ilustram as possibilidades e as dificuldades das relações amorosas, longe das fórmulas das comédias românticas americanas e dos melodramas açucarados.
A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER (1987)
Filme que revelou ao mundo o talento dos atores Juliette Binoche, Daniel-Day Lewis e Lena Olin. Baseado no conhecido livro do escritor Milan Kundera, que foi moda ler ou dizer que tinha lido na década de 80. Fotografia espetacular de Sven Nykvist (colaborador dos filmes de Ingmar Bergmann). Para aqueles que sempre dizem o eterno chavão "o livro é melhor que o filme " (como se fosse possível comparar expressões de arte tão diferentes), não tenho nenhum escrúpulo em dizer que não gostei do livro e adorei o filme.
AMOR À FLOR DA PELE (2000)
Do aclamado diretor oriental Wong Kar-Wai, um excelente exemplo do moderno cinema "made in Hong-Kong". Deslumbrante fotografia de Christopher Doyle (que também colaborou com Wai nos elogiados "Herói" e "2046"). Alguns críticos apelidaram o filme de "O 'Brief
Encounter' " dos anos '2000 - no Brasil, "Desencanto", famoso filme da década de ´50 do diretor inglês David Lean, que também retrata o envolvimento entre um homem e uma mulher casados.
BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS (2004)
O criativo roteiro ganhou o Oscar e Kate Winslet (de cabelos azuis) foi indicada como melhor atriz neste filme de título estranho (e que os distribuidores brasileiros traduziram quase ao pé-da-letra). Se você é daqueles que torcem o nariz para Jim Carrey esta é a oportunidade de mudar de ideia e conferir o seu inegável talento dramático. Brilho... é um filme bem anti-convencional na trama, fotografia e montagem, com sequencias visuais absurdamente inovadoras.
DIREITO DE AMAR (2009)
O título brasileiro não foi muito feliz, ficando parecido com o de alguma novela mexicana. Tom Ford, aclamado estilista americano estréia como diretor com este filme, demonstrando bastante talento e sensibilidade para contar uma história em imagens. Colin Firth teve neste filme seu primeiro grande papel, e sua atuação é até melhor que a consagrada e premiada em "O Discurso do Rei".
DOMINGO MALDITO (1971)
Triângulos amorosos são bastante comuns em filmes, mas este foi o primeiro triângulo bissexual mostrado pelo cinema, o que foi bastante ousado para a época em que foi lançado. Diálogos excelentes e interpretações idem pela dupla central -em especial, Peter Firth - ambos indicados ao Oscar, garantem um drama clássico capaz de ainda agradar e parecer moderno 40 anos depois.
O IMPORTANTE É AMAR (1975)
Para quem nunca ouviu falar ou nunca viu um filme com Romy Schneider, esta é a oportunidade de vê-la em uma de suas melhores interpretações, iluminando a tela com sua beleza e presença . O filme era e ainda é forte, com cenas de nudez e over-dose de droga, mas paradoxalmente ele tem um grande teor poético apesar de seguir a linha "a vida como ela é". Há filmes que é difícil dizer porque a gente gostou (e ainda gosta, após rever). Este é um deles. Zulawski, o diretor do filme, polonês radicado na França, "arrancaria" de Isabelle Adjani, anos depois, outra grande interpretação, no mais conhecido "Possessão".
JULES E JIM (1962)
Um dos primeiros sucessos de Truffaut, fazendo parte do que seria conhecido anos mais tarde como a "nouvelle vague", uma maneira diferente de fazer filmes - para a época, é claro, ou seja, tudo é despojado e espontâneo, fora das convenções e regras do estúdios de cinema. Mesmo com 50 anos de idade, o filme ainda continua encantador e inovador. Jeanne Moreau jovem e linda como nunca. Recebeu uma espécie de refilmagem-homenagem com "Willie e Phill" (1980), pelo diretor americano Paul Mazursky, além de ter sido citado, copiado e influenciado diversos outros filmes e diretores.
NÃO AMARÁS (1988)
O filme faz parte do chamado "Decálogo" do diretor polonês Kieslowski, que parafraseou os Dez Mandamentos, em dez filmes feitos para a TV. Alguns deles foram lançados no cinema, refilmados ou como originalmente produzidos. Este e "Não Matarás" são os mais conhecidos e famosos. Se você é "rato de locadora" ou assinante de algum canal tipo "Telecine Cult" terá a chance de encontrar e ver este filme. A música de Zbigniew Preisner (mais conhecido pelas trilhas que compôs para a "Trilogia das Cores" - "A Liberdade é Azul" e outros, do mesmo diretor) é inesquecível.
APENAS UMA VEZ (2006)
Veio da Irlanda essa agradável surpresa: um filme com muita música sem ser um musical, um filme sobre um homem e uma mulher mas que não é exatamente romântico. O filme ganhou o Oscar de melhor canção, o que lhe rendeu um pouco de celebridade, mas foi muito pouco visto no Brasil, embora tenha sido considerado com justiça um dos melhores filmes do ano em que foi lançado.
PAIXÃO SELVAGEM (1975)
A canção-título (do original francês, "Je t´aime moi non plus"), com seus famosos sussurros e gemidos pra lá de sensuais e insinuantes ficou mais famosa que o filme. Ambas, canção e filme, causaram escândalo quando foram lançadas. Como o título francês é quase intraduzível (pelo menos, para vender o filme), o título brasileiro até que ilustra bem a trama. Serge Gainsbourg é um ícone da música francesa que se aventurou no cinema, dirigindo neste filme sua esposa à época, Jane Birkin, que também interpretou em dueto com ele a canção.
O RAIO VERDE (1986)
Vencedor do Leão de Ouro do Festival de Veneza é o filme mais popular do diretor Eric Rohmer, que adaptou para os dias atuais a pouco conhecida história criada por Júlio Verne. A simplicidade da trama, aliada à espontaneidade da direção e naturalidade das interpretações causam um encantamento e emoção raras vezes conseguido para a aparentemente batida história da moça à procura de um grande amor.
SUGARBABY (1985)
O diretor alemão Percy Adlon ficou famoso e popular quando dirigiu nos Estados Unidos "Bagdá Café". Este filme é anterior, mas também contava com a presença de sua musa, a charmosa gordinha Marianne Sagebrecht, que vive nesta comédia romântica a obsessão de uma mulher por um homem que conhece e vê todos os dias no metrô.